domingo, 24 de abril de 2011

top4 - Musas do rock and roll e suas paixões sem limites

"As usual, there is a great woman behind every idiot." - John Lennon
"Como de costume, há sempre uma grande mulher por trás de todo idiota." - John Lennon

Uma vez, numa noite em que matava tempo numa livraria de um shopping, comecei a folhear uma biografia de uma groupie que contava as loucuras e aventuras que viveu quando "trabalhou" para grandes bandas, como Beatles e Rolling Stones. Gostei muito da experiência de entrar nos bastidores dessas lendas do rock, e a partir daí devorei alguns livros que contavam um pouco desse mundo tão mágico que foi a cena musical dos anos 60 e 70. Como sou uma romântica nata e curiosa sobre a inspiração que motivou muitas das minhas músicas favoritas, me encantei especialmente com a influência que algumas mulheres tiveram na composição de hits por grandes nomes do Rock. Sinceramente, são histórias trágicas de drogas, sexo, ciúme e traição, mas a paixão e intensidade das emoções que inspiraram essas canções valem um post. Sim, a vida delas foi tumultuada e sofrida, não tiveram ação direta sobre as glórias que alcançaram, mas foram belas e interessantes o suficiente para captar a atenção e influenciar grandes idiotas a produzir pérolas musicais. E a gente que não consegue nem inspirar nossos namorados a baixarem a tampa da privada?!?

4 - Anita Pallenberg, Rolling with the Stones

Keith & Anita
Muito antes da Luciana Gimenez e Ana Araújo, havia Anita. Aliás, não dá nem para comparar essa nova leva de casos com brasileiras, regados a rapidinhas milionárias e Viagra, à influência de Pallenberg sobre a produção musical dos Rolling Stones nos anos 70. Vamos dizer assim que ela influenciou cada membro da banda individualmente, pois teve relacionamentos com Brian Jones e Keith Richards, além de haver rumores que teve um caso rápido com Mick Jagger também (!!!). Modelo italiana, passou uma temporada em Nova Iorque, onde circulava no "The Factory", studio de Andy Warhol, lendário por  festas atordoantes. Em 1965, conheceu Brian Jones, do Stones, num show em Munich. Ela ofereceu maconha, ele ofereceu seu quarto de hotel, e ficaram juntos por dois anos. Ele era alcoólatra, drogado e abusivo, e então Keith Richards a salvou. Durou 13 anos, uma longa e tortuosa história de infidelidade, drogas e paixão  que resultou em dois filhos. Anita era poliglota, linda e doida o suficiente para aturar as loucuras inerentes a rock stars. Com uma personalidade forte e um estranho interesse no oculto e magia negra, sua opinião era respeitada pelo grupo, e era a única a abertamente criticar composições que considerava fracas. Fez backing vocal no "Sympathy for the Devil" e "You got Silver" foi escrito para ela em 1969. Hoje ela tem 67 anos (com cara de 77) e faz aulas de desenho botânico.

Trecho de "You Got Silver", bela canção!  Veja o clip aqui!

Oh babe, you got my soul
(Oh bebê, você tem minha alma)
You got the silver you got the gold
(Você tem a prata, o ouro)
A flash of love, just made me blind
(Um raio de amor, me tornou cego)
I don't care, no, that's the big surprise
(E eu nem ligo, essa é a grande surpresa)


3- Pamela Courson, Queen of the Lizard King

Jim & Pamela
Pam tinha apenas 18 anos quando conheceu Jim Morrison em 1966. Ruiva, de grandes olhos verdes e pele sardenta, era a imagem da garota hippie, com um toque de inocência (era de se esperar uma flor no cabelo). O relacionamento dos dois foi extremamente turbulento, quem estava por perto diz que os dois brigavam muito, principalmente pelas dificuldades de um relacionamento "aberto" a qual haviam se comprometido. Sim, Jim era um garanhão, e teve inúmeros casos anônimos e outros nem tanto, como com a Nico do Velvet Underground e Grace Slick do Jefferson Airplane. Apesar disso, Pam foi sua companheira constante, inclusive estava com Jim quando ele morreu, em Paris em 1971. Ela o encontrou morto, na banheira, após uma overdose acidental de heroína (ele achou que era cocaína e cheirou tudooooo). Jim deixou toda sua fortuna para Pam, mas no estilo Romeu e Julieta, ela mergulhou fundo nas drogas e morreu aos 27 anos, três anos depois de Jim. Numa entrevista com Tony Fuches, que foi guarda-costas de Morrison, ele afirma que acredita que Jim nunca se sentiu realmente próximo de alguém. Dentro das possibilidades de um gênio não muito social, ele gostava de Pam. Segundo Jim, ela era sua alma gêmea cósmica. Ele dedicou diversos poemas e músicas à Pamela, como "Love Street" e "Queen of the Highway".

Trecho de "Love Street". Veja o clip aqui!

She has wisdom and knows what to do
(Ela é sábia e sabe o que fazer)
She has me and she has you
(Ela tem a mim e tem você).

2- Sara Lownds, Dylan´s Sad-Eyed Lady

Bob & Sara
Modelo, atriz e coelhinha da Playboy. Descreve muita periguete hoje, mas Sara era uma mulher respeitável quando conheceu Dylan. Bem, foi respeitável até conhecê-lo em 1962, pois estava casada com Hans Lownds quando o largou pelo músico que balançou seu coração. Diz a lenda que Sara não conhecia nada da música de Dylan, só sabia que ele era famoso e ele, que ela era linda - conclusão, amor a primeira vista. Se casaram em 1965, tiveram quatro filhos, e passaram por um divórcio complicado em 1977, após 12 anos de união. Supostamente o relacionamento inspirou albums como "Self Portrait" e "Blood on the Tracks" - esse cheio de referências explícitas ao término de sua relação. Duas músicas são diretamente ligadas à Sara, Sad-Eyed Lady of the Lowlands (auge da paixão) e Sara (auge do sofrimento).

Trecho de "Sad-Eyed Lady of the Lowlands". Veja o clip aqui! -curiosamente essa versão é da Joan Baez, ex de Dylan, que ele largou para ficar com Sara.

My warehouse eyes, my Arabian drums,
(Meus olhos de galpão, meus tambores árabes,)
Should I leave them by your gate,
(Devo deixá-los no seu portão,)
Or, sad-eyed lady, should I wait?
(Ou, moça de olhos tristes, devo esperar?)
 
1- Patti Boyd, Something in the way she moves
 
George & Patti
Essa é a campeã, pois não inspirou só uma lenda, mas duas. Patti conheceu George Harrison durante as gravações the "A Hard Days Night". Era modelo, mas não de grande sucesso, já que tinha alguns "defeitinhos" (um feedback que teve nessa época é que modelos não deveriam ter dentes de coelho!). George parece ter ignorado esse detalhe odontológico, pois se encantou com a garota e se casou com ela dois anos depois. Houveram traições, dificuldades de Patti em engravidar, mas o que realmente distanciou o casal foi a alienação de George quando ele abraçou o Hinduísmo e se tornou uma pessoa irreconhecível para Patti. Inclusive ele trouxe um grupo Hare Krishna para morar com eles por um período (estranho!). Patti não deu conta e se rendeu a insistência de um grande amigo de George - Eric Clapton. Eles se casaram e Patti acompanhou de perto uma de suas piores fases, já que Clapton era alcoólatra e viciado em drogas. Ela eventualmente o deixou por causa dos seus vícios e sua incapacidade de ser fiel (ele chegou a engravidar outra mulher enquanto esteve com ela). A Patti foi maltratada, chifrada, mas também muito amada e desejada. George compôs "Something", umas das músicas mais lindas dos Beatles para ela. Eric Clapton, enquanto sofria por desejar a mulher de seu amigo escreveu a desesperadora "Layla" em sua homenagem (era o apelido carinhoso de Patti). Em seguida, quando estavam juntos, cantou sobre uma noite rotineira com Patti em "Wonderful Tonight" (e sim, nessa música, após uma festa, ele entrega as chaves de seu carro a ela pois está bêbado e não consegue dirigir....hehehehe...). Vale dizer que Patti se arrependeu de ter deixado George e até hoje afirma que ele foi o amor de sua vida.

Eric & Patti
Trecho de "Something". Veja o clip aqui!

Something in the way she moves
(Algo na maneira em que ela se movimenta)
Attracts me like no other lover
(Me atrai como nenhuma outra amante)
Something in the way she moves me
(Algo na maneira em que ela mexe comigo)

Trecho de "Layla". Veja o clip aqui!

Layla, you've got me on my knees.
(Layla, estou de joelhos por você.)
Layla, I'm begging, darling please.
(Layla, estou implorando, por favor.)
Layla, darling won't you ease my worried mind.
(Layla, querida, amenize minha preocupação.)

Analisando friamente, essas mulheres perderam muito ao escolherem se vincular a homens dramáticos e deslumbrados pela era rock, sexo e drogas. Mas também ganharam histórias e viveram vidas incrivelmente interessantes - a Patti Boyd por exemplo escreveu recentemente uma biografia deliciosa sobre suas experiências (Wonderful Today). Valeu?! Não sei. Mas para gente que tá de fora, é divertidíssimo acompanhar.

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